Durante várias horas, nesta segunda-feira, 23 de Julho, Pyotr Pavlensky manteve-se em frente à Catedral de Kazan, em São Petersburgo, na Rússia, com os lábios cosidos e um cartaz nas mãos. Só abandonou o seu lugar quando foi levado para as urgências do hospital mais próximo, de onde saiu pouco depois já sem os pontos, diz o RIA Novosti.
Neste protesto no singular, o pintor russo quis chamar a atenção para o caso das três jovens músicas pertencentes à banda de punk Pussy Riot, detidas desde 21 de Fevereiro. Nadezhda Tolokonnikova, de 23 anos, Maria Alyokhina, de 24, e Yekaterina Samutsevich, de 29, foram presas quando actuavam, alegadamente sem autorização, na Catedral do Cristo Salvador, uma das maiores de Moscovo.
“Maria, mãe de Deus, livra-nos de Putin!” é o nome da “oração punk” que a banda entoava e que foi o mote para a sua detenção.
As Pussy Riot manifestavam-se, assim, contra o apoio da Igreja à campanha eleitoral de Vladimir Putin, eleito presidente em Março.
As três são acusadas de “hooliganismo” e “actos provocadores e insultuosos num local religioso” e enfrentam uma pena de prisão que pode atingir os sete anos.
O tribunal decidiu, na última sexta-feira, prolongar a sua prisão preventiva até, pelo menos, 12 de Janeiro 2013.
Ainda de acordo com o RIA Novosti, a quem Pyotr Pavlensky falou depois de ter deixado o hospital, o pintor alega que a prisão das Pussy Riot “contradiz os valores cristãos fundamentais, uma vez que a performance escandalosa do grupo na Catedral do Cristo Salvador foi uma recriação da ‘limpeza do templo’ de Jesus Cristo (Mateus, 21:12-13)”.
A performance de Pavlensky demonstrou, segundo declarações do próprio, “a repressão da liberdade de expressão por parte do governo e a crescente censura na arte e nos média na Rússia”.